E se vier recessão?

Ano passado foi bastante difícil para muitas empresas, principalmente por conta de eventos como Copa do Mundo e Eleições. Ninguém imaginaria que durante o período da copa o país simplesmente pararia, as pessoas teriam problemas para se locomover, evitaram centros de consumo e também deixaram de produzir para acompanhar os jogos.

Depois vieram as eleições e depois o final de ano.  Em meados do ano passado, 2015 era ainda uma incógnita, alguns analistas previam a retomada da normalidade econômica, enquanto outros não.

Ao final do primeiro trimestre do ano já é possível dizer o que temos pela frente em 2015. A exposição pela polícia federal de vários acontecimentos criminais ocorridos com Petrobrás trouxe, e ainda trará, impactos econômicos e políticos significativos.

O lado ruim desses impactos é que o Brasil provavelmente entra em recessão, com todas as implicações disso, e criou uma mancha moral e ética que requererá tempo e muita competência para limpar. O lado bom é que haverá boas oportunidades para quem souber pesquisar, avaliar os riscos e agir corretamente.

Enquanto isso a vida continuará para quase todas as pessoas. Inclusive para as empresas. Em momentos de recessão econômica e pré-recessão como o que estamos vivendo, é precisa visão de futuro e assertividade para que sejam garantidos prosperidade e crescimento empresarial. Destaco que a economia, como tudo na vida, é cíclica.

Isso significa que altos e baixos fazem parte da vida de qualquer empresa assim como na economia. Quem faz a lição de casa e se ocupa continuamente com a eficiência no uso de seus recursos sempre está em vantagem. Quem não faz, será obrigado a fazer ajustes agora, sob o risco de perda de mercado e posicionamento frente a concorrentes.

A boa notícia é que sempre há oportunidades para novos ajustes internos e também sempre é tempo para se fazer esses ajustes. Quem não fez que faça, se tiver dificuldades para fazer que busque a ajuda de especialistas, mas que não fique esperando o mercado melhorar, pois não se pode prever quanto tempo demorará para isso.

Quem tem o hábito de rever sempre sua estrutura, custos e despesas, que reveja o que pode ser ainda mais aprimorado. Otimização é palavra de ordem.

Um dos impactos da turbulência econômica costuma ser a diminuição da receita das empresas e menores taxas de crescimento - por diversos motivos - e isso sempre traz excelentes oportunidades: maior flexibilidade de negociação com fornecedores (mas sem explorações, pois nesses momentos é que se deve mostrar parceria), revisitação de boas ideias ainda não implantadas, investimentos deixados em segundo plano ou bons projetos que trarão benefícios aos negócios são exemplos que podem ser colocados em prática, e até em alguns casos, para repensar o modelo de negócio da empresa, pois fragilidades no posicionamento de produtos e de mercado pela própria empresa são evidenciados em momentos de economia fraca.

A inteligência deverá ser usada em prol dos negócios e os melhores empresários sempre estão cercados pelas melhores cabeças. A proposta de criação de valor da empresa para a sociedade pode ser repensada? Pode ser entregue mais com os mesmos recursos? Nesses momentos é possível verificar adequadamente a percepção de utilidade dos produtos e serviços da empresa, e com essa percepção promover ajustes no modelo visando longo prazo.
O senso de oportunidade deve ser praticado com afinco sem, no entanto, prevalecer os oportunismos. Lembre-se que as pessoas têm memória.

Momentos recessivos ou de fraca atividade econômica costumam também trazer boas oportunidades de negócios relacionados à expansão inorgânica, ou seja, através da combinação com outras empresas por fusões, aquisições ou parcerias.

As boas oportunidades de negócios frequentemente são relacionadas a empresas que possuem posicionamento de mercado adequado, com diferenciais competitivos e produtos ou serviços atuais que, por qualquer motivo, estejam fragilizadas.

A atividade econômica mais fraca impacta no valor da empresa, o que poderá vir a se transformar em um bom negócio. Historicamente muitas fortunas foram criadas ou aumentaram significativamente em períodos de crise econômica através de aquisição de boas empresas.

Aos empresários que costumam deixar de fazer as lições de casa um alerta: mude sua postura, pois a continuidade de seu negócio poderá estar em jogo. Os momentos de recessão costumam ser implacáveis com os procrastinadores.

Autor: Marco Aurélio Militelli