O imóvel deve atender suas necessidades de médio prazo; se tiver que financiar mais que 70% do valor da propriedade, o melhor é esperar um pouco mais
A compra do primeiro imóvel é certamente a tarefa mais difícil na vida financeira de uma pessoa. Desde criança escutamos que pagar aluguel é jogar dinheiro fora e que devemos ter, entre nossos objetivos, a compra da casa própria, saindo assim da condição de inquilinos.
Isso nem sempre é verdade. Em alguns momentos efetivamente o melhor é alugar, ainda que temporariamente, até se poder comprar ou financiar o imóvel sob condições mais favoráveis. Este é o caso, por exemplo, das pessoas que não contam com o suficiente para arcar com pelo menos 30% do valor do imóvel, ou pessoas que ainda não têm uma necessidade definida.
Estabeleça metas, e tenha calma
Lembre-se que, mesmo que as condições do financiamento sejam bastante boas, quanto menor a parcela financiada, menor será seu gasto com juros. Esta é uma consideração importante, sobretudo para quem ainda é jovem e não tem uma família definida.
Nestes casos, vale mais a pena esperar um pouco e financiar um imóvel de dois dormitórios, que já atenda às suas necessidades futuras, do que financiar agora uma parcela maior de um imóvel de apenas um quarto. Portanto, o primeiro passo na direção da compra da casa própria é definir exatamente o que você quer. Não agora, que decidiu sair da casa dos seus pais, mas sim no médio prazo.
Caso esteja seguro que o momento de comprar a sua casa ou apartamento chegou, então seguem abaixo alguns conselhos para a realização de um bom negócio.
Localização é o começo da tarefa
Escolher um local para morar é o ponto de partida para a procura de um imóvel. A região escolhida deve atender às suas necessidades e, eventualmente, as da sua família. Para quem mora nos grandes centros urbanos é preciso analisar com muito cuidado o acesso ao trabalho, tanto em termos de alternativas de transportes disponíveis, como em termos de tempo exigido.
Verifique a oferta de comércio e serviços, como supermercados, farmácias e bancos, nas proximidades, de forma que você possa ir caminhando. Algumas localidades são excelentes em termos de lazer, pois estão próximas de parques e shoppings, mas é preciso usar o carro para chegar aos demais lugares. Não pense só em quem dirige, um dia você pode ter empregados domésticos, ou filhos, que não contarão com esta comodidade.
Dê preferência a uma região já estabilizada para não ter surpresas posteriores. Algumas áreas estão em transição e empresários aproveitam para instalar bares e casas noturnas. Durante a noite, estas áreas costumam atrair muitos jovens e as ruas ficam lotadas de carros.
Mesmo que hoje você adore uma balada, isso pode não ser verdade daqui a alguns anos, isso sem falar que nem todo mundo está disposto a dormir tarde ao som de buzinas, o que pode dificultar a venda da propriedade no futuro. Assim, uma dica é tomar cuidado com localidades que prometem um rápido desenvolvimento.
Imóvel na planta ou usado?
O principal risco de comprar um imóvel na planta é a quebra da construtora. Ninguém quer ver as economias de anos de trabalho irem por água baixo. Deste modo, a recomendação é procurar empresas com tradição no mercado e solidez, e livres de reclamações no Procon.
Muita gente foge de imóveis usados, acreditando que eles podem apresentar problemas ao longo do tempo. Isso em parte é verdade. Todo imóvel requer manutenção, como pintura, reforma de banheiros e cozinha. Mas lembre-se que os imóveis usados são ligeiramente mais baratos que os novos, e com a diferença de preço é possível reformá-lo e deixá-lo com a sua cara. Certamente você não vai querer comprar um apartamento novinho para quebrá-lo, certo?
No caso de apartamentos em prédios mais antigos, as chances de aparecerem gastos para reformas do condomínio são grandes. Um elevador que precisa ser reformado, infiltrações na garagem, redecoração do hall de entrada e mudanças no paisagismo. São gastos extras que, por outro lado, valorizam o seu apartamento. Antes de fechar negócio converse com o síndico ou administradora para analisar a situação financeira do condomínio. Muitos prédios são mal administrados e desta forma o valor do condomínio é bastante alto.
Contratar um advogado é sempre bom
Qualquer que seja a sua intenção em termos do imóvel que pretende comprar, uma coisa é certa: sempre vale a pena envolver um advogado. Tenha total confiança neste profissional, que deverá ajudá-lo na leitura de toda a documentação referente à compra, identificando possíveis áreas de problema.
No caso de imóveis usados que estejam ocupados, sobretudo os com inquilinos, todo cuidado é pouco. Exija que a escritura já tenha sido passada para seu nome se ele disser que pretende sair em um mês, por exemplo.
Não confie em ninguém, por mais amistoso que o vendedor possa parecer. No mundo dos negócios não existe amizade e nem promessas. Existem casos de famílias que compram à vista uma casa, mas são obrigadas a esperar seis meses até poderem mudar.
Financiamento ou consórcio?
Em geral, a compra do primeiro imóvel envolve algum tipo de financiamento, pois ainda são poucas as pessoas que conseguem comprar o imóvel à vista sem algum tipo de ajuda. Assim, o primeiro passo a ser tomado é identificar que tipo de imóvel você precisa e o quanto custaria uma propriedade com este perfil.
Feito isso é preciso decidir como pretende alcançar este objetivo. Existem várias formas distintas de se comprar um imóvel, mas as mais conhecidas são o financiamento e o consórcio. A escolha vai depender do fato de você querer ou não esperar um pouco mais de tempo para finalmente receber as chaves do seu imóvel.
Isso porque, no consórcio, o dinheiro para a compra da casa só é concedido quando você é sorteado, ou quando efetua um lance, o que pode não acontecer imediatamente, sobretudo, se não contar com recursos extras para o lance. Assim, mesmo que a chance seja pequena, você corre o risco de só realizar seu sonho no final do grupo de consórcio, o que pode demorar mais de 10 anos. Em contrapartida, no financiamento os recursos são liberados imediatamente, mas a quitação da dívida pode demorar até 15 anos.
Gastos não acabam com a compra
Em ambos os casos, é preciso estar preparado para comprometer uma parcela significativa do seu orçamento com o pagamento de prestações. Portanto, uma alternativa seria continuar alugando por mais algum tempo, ou procurar um imóvel de menor valor, mas que seja bem localizado, o que reduziria o valor financiado.
Não se esqueça que os gastos não acabam na compra. Além das taxas e impostos associados com o processo de aquisição do imóvel, é preciso levar em consideração os gastos mensais com manutenção, seguro, IPTU, condomínio, etc. Ainda que, ao concederem empréstimos, os bancos façam uma análise de comprometimento da renda, cabe a você fazer as suas próprias contas e verificar suas possibilidades.
Coloque na ponta do lápis todos os seus gastos. Caso mais do que metade do seu orçamento esteja comprometida com prestações de financiamentos, reveja suas prioridades. O mesmo vale para os gastos totais com o imóvel - que incluem a prestação, e os demais gastos - e que não devem superar 35-40% do seu orçamento mensal. Quando isso acontece é sinal de que a sua casa não cabe no seu bolso e que pode ser melhor esperar um pouco mais para evitar apuros financeiros.
Fonte: Guia de Imóveis